Texto veiculado no jornal 'O Estado de São Paulo' dia 18/04/2015

Nesta semana, obtivemos os resultados de nossa pesquisa sobre o movimento de venda e locação de imóveis usados no Estado de São Paulo. Os números, relativos ao mês de fevereiro, nos apresentaram uma agradável surpresa: os negócios imobiliários seguem promissores neste primeiro bimestre. Em janeiro, os volumes de vendas e de locações, respectivamente, já haviam sido 3,7% e 29,69% maiores do que os registrados em dezembro. Assim, pela segunda vez, houve crescimento nas vendas - de 11,64% - e na locação - 32,89% - de casas e apartamentos usados em todo o Estado.
Embora nos apontem para uma realidade favorável, os índices positivos, no entanto, ainda não nos permitem grandes comemorações. Como em todos os outros segmentos, estamos atravessando um momento de expectativa, quase em compasso de espera pelo futuro de nossa economia.
Há setores mais ``nervosos``, onde o aumento da inflação se reflete de maneira intensa. Já no caso do nosso mercado, vejo que há um reflexo mais forte nos imóveis novos, haja vista que as construtoras estão um tanto cautelosas com os lançamentos. No de usados, o fôlego parece um pouco maior.
Outro dado importante a ser considerado diz respeito ao crédito imobiliário. Ainda acompanhando nossas pesquisas, registramos, em fevereiro, que 64,76% dos contratos formalizados pelas imobiliárias consultadas foram fechados através de financiamento bancário. Em contrapartida, os contratos firmados com a CAIXA a partir de 13 de abril, com recursos do SBPE, terão taxas de juros maiores - de 9,15% passaram a 9,45% ao ano.
Levando-se em conta que a CAIXA responde por quase 70% de todo o crédito imobiliário do país, esse aumento pode causar impacto nos juros de outros bancos e, também, no segmento da construção civil.
Diante desse cenário, compradores, vendedores, profissionais do mercado e investidores se perguntam que atitude tomar. De minha parte, sempre digo que o imóvel continua sendo o investimento mais seguro que se pode fazer, seja o comercial ou o residencial, especialmente quando não se busca liquidez imediata, mas tranquilidade. Há uma série de circunstâncias pontuais que podem influenciar na valorização desse investimento. Por essa razão, não se deve apenas analisar o momento, mas pensar também a longo prazo, quando se tem em mente investir em imóveis.
Tive a oportunidade de conhecer, recentemente, diversos investidores estrangeiros que enxergam no país um mar de possibilidades na questão imobiliária. Da mesma forma, também tenho conhecimento de muitos brasileiros que estão adquirindo imóveis no exterior, especialmente nos Estados Unidos, com o intuito de alugar para férias. Mesmo com todos os percalços, ainda há muito espaço para crescermos!
Assim como todos os brasileiros, vejo que o Brasil atravessa um momento difícil quanto à credibilidade. Falta ``fazer a lição de casa`` e governo precisa assumir um compromisso de solucionar os problemas econômicos, colocando o país novamente no prumo. Assim que a população passar a perceber essa questão de uma forma mais positiva, isso, sem dúvida, vai se refletir no mercado imobiliário também.
José Augusto Viana Neto - presidente do CRECISP